Sobre Mim


   Torna-se relativamente fácil escrever seja sobre o que for, o resultado pode ser bom, mau, aceitável, mas passar para o domínio do eu acarreta sérias dificuldades. Questiono a veracidade do que admito descrever-me, estarei a ser tendenciosa ou demasiado severa comigo mesma? Não há distanciamento suficiente, frieza, imparcialidade, sou eu a escrever sobre mim. Mas posso começar por aí, a minha contínua e inconsciente procura pela perfeição, desde que me lembro o perfecionismo encosta-me à parede diariamente, há sempre margem para mais e melhor, e por muito que eu tente arranjar os adjetivos certos, as palavras exatas, os conceitos adequados, a insatisfação é crónica e não, isto não é o melhor que posso fazer, mas é reconfortante saber que "satisfeito só pode estar aquele que se conforma, que não tem a mentalidade do vencedor. Vence só quem nunca consegue. Só é forte quem desanima sempre". E daqui seguimos para a minha paixão por ler, e tudo o que eu posso dizer é o seguinte: Fernando Pessoa e José Saramago. Chega. Estou no segundo ano de um curso relacionado com matemática, faço o que gosto portanto. E não, não me imaginaria em nenhuma outra área. Se já sei o que pretendo fazer no futuro? A resposta é não. Se essa é uma pergunta que me persegue constantemente? A resposta é sim. Assusta-me a ausência de planos definidos. Para mim tudo tem uma hora, um dia, um lugar, e fugir muito dessas linhas já causa algum nervosismo, sou pouco flexível e nada espontânea. Tenho ainda uma dose elevada de egoísmo que apesar de ter vindo a perder força com o passar do tempo, continua lá. Quero acreditar que não é apenas isto que me descreve por isso vou prosseguir. Não faz sentido falar de mim sem falar da minha família, das saudades que tenho, do medo que sinto sempre que deixo cada um deles, deixa-me triste pensar nisso, por isso não penso. E é assim, inevitavelmente alguns traços acabam por emergir, aquela sou eu no meu melhor, evitar o que me faz sentir mal deve ser a máxima da minha existência, e não, não me orgulho, assusta-me até.
   Tenho a certeza que no momento que der por encerrada esta breve, inconclusa, nada infalível descrição, me vou lembrar de inúmeros aspetos que poderia ter dito e não disse. E já agora, por último mas não menos importante, sou a Sara, tenho 21 anos e vivo em Lisboa.

0 Comentários

Enviar um comentário